Presença confirmada na Herdade do Freixo do Meio
Vulpes vulpes (Linnaeus, 1758)
Raposa
Outros Nomes Comuns: raposa-vermelha
Morfologia de Vulpes vulpes
Informação detalhada sobre Vulpes vulpes
Continente: Nativa, Protegida, Explorada como espécie cinegética. A pele e a cauda são aproveitadas para a industria de vestuário.
Ciclo de vida: | |||
Morfologia: | |||
Peso: 3.1-7.8 Kg (fêmeas), 4.6-8.6 kg (machos) Comprimento: Cabeça-corpo: 52.0-72.0 cm (fêmeas), 65-90cm (machos); Cauda: 32 - 44 cm (fêmeas), 33 - 48cm (machos) Dimorfismo sexual: ligeiro A raposa é uma das duas espécies de canídeos silvestres que ocorre em Portugal, juntamente com o Lobo-Ibérico Canis lupus signatus. A espécie é facilmente reconhecida pelo seu focinho pontiagudo e orelhas proeminentes. Apresenta uma pelagem castanho-avermelhada no dorso que contrasta com a coloração branca do ventre, contudo a cor da pelagem pode ser bastante variável. As extremidades do corpo, nomeadamente as orelhas e os membros apresentam coloração negra. A cauda é longa e tufada, apresentando usualmente uma mancha de cor branca na ponta. | |||
Ecologia
Distribuição: A espécie está amplamente distribuída no hemisfério Norte, estando ausente em determinadas ilhas (ex. Islândia) e zonas de climas extremos (ex. algumas regiões da Sibéria). Em Portugal a espécie está presente em todo o território de forma generalizada e uniforme não ocorrendo no arquipélago dos Açores e da Madeira.
Habitat: A raposa utiliza um grande espectro de habitats. Habita preferencialmente zonas de matagal, floresta e campos agrícolas, mas pode ser encontrada em ambientes subárticos e desérticos. Ocorre desde o nível do mar até alta montanha e pode frequentar zonas urbanas.
Guilde Trófica: Carnívoro
Estatuto de proteção: Pouco Preocupante (LC) em Portugal e a nível global
Ameaças: Perseguição directa, nomeadamente caça ilegal e envenenamento; Atropelamentos; Destruição e fragmentação do habitat.
Descrição Geral
A sua longevidade em estado selvagem oscila entre os 9 e 13 anos de idade, embora seja frequente não atingirem estas idades devido a mortalidade não-natural (ex. atropelamentos, envenenamentos e pressão cinegética).
Reprodução
A maturidade sexual ocorre habitualmente no primeiro ano de vida, porém em zonas com elevada densidade populacional pode ocorrer mais tarde. O período de acasalamento decorre de Dezembro a Fevereiro, nascendo as crias entre Março e Maio, após 52 dias de gestação. As crias nascem cegas e abrem os olhos nas primeiras semanas de vida. Ambos os progenitores participam nos cuidados parentais. Até aos 6 meses apresentam uma pelagem parda e escura, sendo que após este período adquirem a coloração típica da pelagem dos adultos. As crias ficam independentes entre Setembro e Dezembro.
Ecologia alimentar
A grande capacidade adaptativa da espécie está intimamente ligada à flexibilidade da sua dieta. É uma espécie omnívora e oportunista que tende a alimentar-se dos recursos mais abundantes no seu território. Os roedores são presas típicas, nomeadamente os do género Microtus ou outros como o ratinho-do-campo Apodemus sylvaticus. O coelho Oryctolagus cuniculus pode ser também uma presa frequente, principalmente durante a época de criação e na região Sul da Península-Ibérica onde é mais abundante, uma vez que permite ter grandes ganhos energéticos. O consumo de coelho nas regiões de Espanha onde o lince-ibérico Lynx pardinus está presente leva por vezes a competição das duas espécies pelo mesmo alimento, sendo a raposa por vezes morta pelo lince. A raposa consome também frequentemente frutos diversos e insectos (ex. escaravelhos) bem como outros vertebrados (insectívoros, aves, répteis e anfíbios). A espécie pode ainda recorrer à necrofagia, nomeadamente de animais domésticos como a cabra e a ovelha. Nos ambientes urbanos em que está presente, podem frequentar lixeiras.
Organização social
A espécie é territorial e organiza-se em núcleos familiares. Estes grupos são usualmente constituídos por um macho que lidera uma a quatro fêmeas. A marcação territorial é feita habitualmente através da deposição de excrementos em locais proeminentes bem como marcações de urina. O tamanho do território de cada núcleo familiar é variável e habitualmente está condicionado à disponibilidade de alimento. Em Portugal existem registos de territórios que variam entre 1.8 e 2.5km2.
Comportamento
Embora maioritariamente nocturna, a espécie pode estar activa durante o dia, nomeadamente no Sul da Europa e em áreas que apresentam reduzida perturbação humana bem como no período do ano em que as noites são mais curtas. A actividade diária da espécie é maioritariamente dedicada à caça de presas e à defesa do território, podendo diariamente percorrer 10km. Ao contrário do que acontece com o lobo-ibérico, que tende a caçar em grupo, o comportamento de caça é tipicamente solitário. A aproximação às presas é feita de forma silenciosa e discreta, quando suficientemente perto tende a saltar por cima da presa para a capturar. A raposa tende a utilizar tocas, por si escavadas ou escavadas por outros (ex. coelho ou texugo Meles meles) que utiliza para se abrigar e esconder de predadores.
Medidas de Conservação
Em Portugal a espécie está incluída no Anexo D da Convenção de CITES, contudo pode ser legalmente caçada em Portugal segundo a lei da caça (in Decreto-Lei nº227-B/2000 de 15 de setembro). Podem ser aplicadas à espécie, práticas de controlo de predadores em zonas de regime especial e sob autorização.
Curiosidades
A raposa é o carnívoro com maior distribuição mundial. A par disto é também a espécie mais criada em cativeiro em todo o mundo para a produção de peles, juntamente com o visão-americano Neovison vison. Contudo em 1992-93 a raposa, apanhada em estado selvagem, era ainda o terceiro tipo de pele comercialmente mais importante na América do Norte.
Referências
Alexandre ASCPA (1995) A raposa (Vulpes vulpes silacea Miller, 1907) na região de Onor no Parque Natural de Montesinho: ecologia trófica, uso do espaço e uso do tempo. Relatório de estágio para obtenção da Licenciatura em Biologia. Faculdade de ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.
Ângelo, IS (2000) Aspectos da ecologia da raposa (Vulpes vulpes) no Nordeste Algarvio. Relatório de estágio para a obtenção da Licenciatura em Biologia. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.
Blanco JC (1986) On the diet, size and use of home range and activity patterns of a red fox in central Spain. Acta Theriologica 31:547-552.
Cabral MJ (coord.) Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AL, Rogado L, & Santos-Reis M (eds) (2006) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2ªed. Instituto da Conservação da Natureza/Assírio & Alvim, 660pp.
Ferreira AMSG (1991) Alguns aspectos da ecologia da raposa (Vulpes vulpes silacea Miller, 1907) no Parque Natural do Montesinho. Relatório de estágio para obtenção da Licenciatura em Biologia. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.
Gortázar C (2007) Vulpes vulpes Linnaeus, 1758. Pp: 277-279. En LJ Palomo, J Gisbert, JC Blanco (eds) Atlas y libro rojo de los mamíferos terrestres de España. Dirección General para la Biodiversidad – SECEM-SECEMU, Madrid.
Macdonald DW, Barrett P (1993) Mammals of Britain and Europe. London: Harper Collins Publishers.
Macdonald, D.W. & Sillero-Zubiri, C. (eds) (2004) Biology and conservation of wild canids. Oxford University Press, Oxford.
Palomares F, Ferreras P, Fedriani JM & Delibes M (1996) Spatial relationships between Iberian lynx and other carnivores in na area of south-western Spain. Journal of Applied Ecology 33:5-13.
Rodrigues MD (1996) A raposa nos Parques Naturais de Sintra Cascais e do Alvão: estratégia de utilização de recursos. Relatório de estágio para a obtenção da Licenciatura em Biologia. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.