Steatoda nobilis (Thorell, 1875)

Viúva-de-patas-vermelhas

Outros Nomes Comuns: falsa-viúva

Sinonímias de Steatoda nobilis

Lithyphantes nobilis, Steatoda clarkii, Teutana nobilis

Morfologia de Steatoda nobilis

 © Armando Frazão
Fêmea © Nuno Camejo
Fêmea
 © jaclerigo
Fêmea com as crias © Rui Carvalho
Fêmea com as crias
Macho a efectuar a última muda antes de se tornar adulto © Rui Carvalho
Macho a efectuar a última muda antes...
Macho adulto pouco depois de realizar a última muda © Rui Carvalho
Macho adulto pouco depois de realizar...
Macho adulto faz aproximação à teia da fêmea © Rui Carvalho
Macho adulto faz aproximação à tei...
Macho adulto carrega os palpos na teia espermática © Rui Carvalho
Macho adulto carrega os palpos na tei...
Eclosão de uma larva © Rui Carvalho
Eclosão de uma larva
Larva recém-nascida ainda com restos de ovo no abdómen © Rui Carvalho
Larva recém-nascida ainda com restos...
Ninfas dentro da ooteca © Rui Carvalho
Ninfas dentro da ooteca
 © Francisco Barros
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
 © Fernando Romão
 © José Frade
 © Fernando Romão
Fêmea © Emídio Machado
Fêmea
Fêmea com ooteca e ninfas © Emídio Machado
Fêmea com ooteca e ninfas
Ninfa © Emídio Machado
Ninfa
Juvenil © Emídio Machado
Juvenil
Macho © Emídio Machado
Macho
Ooteca © Emídio Machado
Ooteca
Fêmea © Emídio Machado
Fêmea
Fêmea © Luís Nunes Alberto
Fêmea
 © calula
 © Nadir Ribeiro
 © Ricardo Silva
 © Ricardo Silva
 © Ricardo Silva
Macho © Joaquim Alves Gaspar
Macho
 © Ricardo Silva
Macho subadulto © Joaquim Alves Gaspar
Macho subadulto
 © Rui Carvalho
 © Rui Carvalho
 © Rui Carvalho
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
Fêmea © Emidio Machado
Fêmea
Juvenil © Emidio Machado
Juvenil
Juvenil © Emidio Machado
Juvenil
Macho © António França
Macho
Macho © António França
Macho
Macho © António França
Macho
 © Valter Jacinto
Macho © Valter Jacinto
Macho
Imaturo © Valter Jacinto
Imaturo

Informação detalhada sobre Steatoda nobilis

Continente: Introduzida, possivelmente invasora.
Açores: Provavelmente introduzida.
Madeira: Nativa.

Ciclo de vida:   
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Apesar de ser uma das aranhas mais comuns e com maior contacto com o Homem, não se conhece nenhum caso confirmado da picada desta aranha. O efeito conhecido do veneno desta espécie é uma forte dor localizada não sendo por isso considerada uma espécie perigosa.
A principal defesa desta espécie é a fuga, escondendo-se rapidamente no abrigo ou numa fenda que encontre. Outras defesas conhecidas são a segregação de seda muito forte e pegajosa e a catalepsia, fingindo-se de morta mesmo quando tocada. Só se for apertada tenta picar.

Fêmeas:   
Comprimento do corpo: 9 a 14 mm.

Carapaça castanha escura a castanha-avermelhada.
8 olhos quase iguais com a linha posterior direita e a anterior recurva.
Quelíceras robustas e muito escuras (castanhas, vermelhas ou quase negras).
Pedipalpos com a mesma variação de cor das patas e da carapaça.
Esterno cordiforme, vermelho-acastanhado escuro prolongando-se entre as coxas IV.

Patas aproximadamente da mesma cor da carapaça, castanhas-amareladas, castanhas escuras ou avermelhadas.

Abdómen com um padrão dorsal variável mas característico: negro, castanho-avermelhado ou púrpura sobre fundo branco, amarelado, creme ou rosado. O folium pode ocupar toda a face dorsal do abdómen ou apresentar uma área central aberta (neste caso, é frequentemente interrompido por linhas transversais) onde podem existir duas bandas longitudinais escuras.
O rebordo anterior do abdómen é sempre claro (branco, ou creme) formando um anel bem visível mais ou menos extenso.
Ventralmente, o abdómen é mais claro e com manchas variáveis mas sempre de tonalidade castanha característica.
Fieiras curtas.

As formas mais escuras, podem confundir-se com as formas mais escuras de Steatoda grossa. As restantes são inconfundíveis pelo seu tamanho e aspecto geral.
    
Machos:   
Comprimento do corpo: 7 a 11 mm.

Carapaça vermelha ou vermelha-acastanhada, normalmente muito escura quase negra (por vezes castanha) com estrias radiais mais escuras, rugosa e com pêlos dispersos maiores e mais densos na zona cefálica. Na parte posterior tem dois rebordos com órgãos estridulatórios.
Olhos e quelíceras idênticos aos da fêmea.

O abdómen é consideravelmente mais pequeno que nas fêmeas e apresenta o padrão típico da espécie muito mais definido e contrastado. Anteriormente, na face ventral, possuem uma área rígida que se estende desde o sulco epigástrico até cobrir parte do pedicelo. O rebordo desta placa saliente tem, em cada um dos lados, 10 a 12 pequenos dentes rombos, cada um com um pêlo rijo. Esta estrutura, em conjunto com os rebordos da carapaça constitui os órgãos estridulatórios.

As patas são proporcionalmente muito mais compridas que as das fêmeas e muito mais variáveis. Nos machos mais pequenos são por vezes castanhas claras mas na maioria dos machos, e principalmente nos maiores, são avermelhadas ou vermelho escuras.

Os machos mais pequenos podem confundir-se com juvenis desta e outras espécies de Steatoda, mas as estruturas dos palpos permitem reconhecê-los como adultos.
    
Acasalamento:   
Os machos são adultos durante a Primavera e Verão, altura em que abandonam as teias e se deslocam em busca das fêmeas.

Antes de procurar a fêmea, o macho faz uma pequena teia espermática onde deposíta os espermatóforos (bolsas gelatinosas contendo o esperma). Recolhe depois os espermatóforos com os palpos e inicia a sua busca.

Quando chega a uma teia, o macho tem que iniciar o ritual de cortejamento sob pena de ser predado pela fêmea. Inicia assim um ritual que inclui toques e puxões com as patas e batidas com o abdómen.
Quando a fêmea aceita o macho, dá-se a cópula com o macho a inserir alternadamente os palpos no epigíneo da fêmea.
Acasalam várias vezes ao longo de horas e o macho pode coabitar com a fêmea no ninho durante esse período.
Se outros machos se aproximarem, desencadeia-se uma luta podendo mesmo interromper-se o acasalamento e a fêmea tentar predar os machos.
    
Gestação e posturas:
Após a cópula, o esperma dos machos fica guardado nas espermatecas da fêmea não ocorrendo fecundação imediata. A fêmea tem assim algum controlo na altura exacta da fecundação e da postura dos ovos.
Quando a fêmea desencadeia o processo, o abdómen torna-se ainda maior devido à produção de ovos no seu interior.
É frequente, especialmente no inverno, observarem-se ninhos sem teias apenas com uma abertura de seda rija e as fêmeas a guardar as ootecas no seu interior.
A ovoposição é feita numa teia grossa e os ovos são depois envoltos numa primeira camada de seda branca espessa e numa segunda de seda rija mais amarelada que confere uma consistência forte à ooteca.
Cada fêmea pode fazer várias posturas com uma única cópula.
Perto da eclosão, os ovos ganham uma cor rosada a lilás.
    
 Larvas:   
As larvas quando nascem são transparentes e não têm boca, pelo que se alimentam das reservas que possuem no abdómen.
O abdómen tem uma cor característica dada pelos órgãos internos e, uma vez que a cutícula é transparente, é possível ver o coração a pulsar.
Irão permanecer dentro da ooteca até se transformarem em ninfas, com todos os órgãos funcionais e perfeitamente aptas a fazer teias e alimentar-se.
    
Ninfas e subadultos:   
As ninfas permanecem na teia da progenitora durante algum tempo até começarem a entrar em conflito umas com as outras.
É frequente, tentarem ou mesmo predarem-se. Por esta altura, a maioria abandona a teia. Algumas ficam para trás e poucas podem crescer e fazer algumas mudas na teia da progenitora que, eventualmente, acaba por expulsá-las.

Apresentam uma coloração variável em várias tonalidades de castanhos.
A carapaça é mais clara que nos adultos.
As patas podem ter várias tonalidades amareladas, acastanhadas, esverdeadas ou azuladas e frequentemente apresentam anéis mais escuros.
O abdómen tem o padrão típico da espécie quase sempre bem marcado mas muito variável com uma pigmentação de fundo que varia entre branco, creme e rosa e as zonas escuras entre castanho, cor de vinho e negro.
    
Crescimento:   
Para fazer as mudas, penduram-se na teia, a carapaça abre-se e a aranha deixa o exosqueleto velho pendurado na teia. Enquanto a quitina não endurece, a aranha estica o novo revestimento e aumenta de tamanho.
Imediatamente após a muda, as patas ficam quase transparentes, escurecendo lentamente com o tempo passando frequentemente por tons esverdeados ou mesmo verde pálido azulado que ao fim de cerca de um dia desaparecem para dar lugar às tonalidades castanhas e avermelhadas típicas.
    
Teia e habitat:   
Esta espécie constrói a teia em todo o tipo de habitats desde que tenha um local abrigado para esconderijo e uma zona fixa para a teia de captura. Encontra-se em árvores, pedras, casas, etc.

A teia é de tamanho muito variável entre 10 cm a 50 cm de comprimento e a alturas do solo que vão desde meio metro até mais de 3 metros (muito mais, no caso de prédios).
Com um ninho escondido numa fenda ou cavidade que comunica através de um tubo de seda muito rija com uma outra estrutura em forma de lençol. Esta estrutura é a zona de caça propriamente dita, é de seda mais suave, com malha irregular e puxada para baixo por alguns fios fortes que a prendem ao substrato.
Por cima, existe uma zona irregular de tamanho muito variável com fios fortes que sustenta toda a teia e serve como interceptor para insectos voadores.
Além das funções de caça, estas zonas irregulares funcionam também como alarme, e sempre que são danificadas, a aranha esconde-se imediatamente no ninho.

As teias são permanentes, fazendo a aranha pequenos ajustes e reparações principalmente durante a noite. Se a teia for removida, fará uma nova no mesmo local ou procurará um local mais tranquilo.

Encontram-se muitas vezes ligadas a teias de Pholcus e Holocnemus que as pilham e a teias de Zygiella, aparentemente apenas por partilha do mesmo espaço..
    
Presas e alimentação:   
 Tem uma grande resistência à falta de alimento e água podendo viver largos meses sem comer e mais de um ano sem beber água.

Alimenta-se de quase todo o tipo de artrópodes, mesmo os defendidos quimicamente e por vezes muito maiores que ela própria. Preda frequentemente escaravelhos, vespas, moscas, abelhas, borboletas e aranhas (incluíndo da sua própria espécie) mas pode atacar praticamente qualquer animal que fique preso na sua teia.

A captura das presas é feita quase sempre da mesma forma: a aranha envolve as presas em seda com as patas IV depois, corta o lençol e "embrulha" a presa procurando um ponto onde injectar o veneno e afasta-se. Ao fim de pouco tempo, volta, embrulha melhor a presa e recolhe-a para o esconderijo onde a come.

Os restos das presas são deitados fora.
    

2015 - Ficha actualizada por Ricardo Silva
2014 - Ficha elaborada por Ricardo Silva