Presença confirmada na Herdade do Freixo do Meio
Mauremys leprosa SCHWEIGGER 1812
Cágado-mediterrânico
Morfologia de Mauremys leprosa
Informação detalhada sobre Mauremys leprosa
Distribuição Nacional:
Esta espécie apresenta uma distribuição praticamente contínua a Sul do rio Tejo, distribuindo-se ainda
pelas zonas interiores do Norte e centro do país (Castelo Branco/Tejo Internacional, Beira Alta interior
e Nordeste transmontano) (Araújo et al. 1997, Segurado 2000). Existem ainda pequenos núcleos
dispersos nas zonas litorais a Norte do rio Tejo.
Abundância:
Mauremis leprosa é considerada comum na maioria das regiões onde ocorre (Crespo & Oliveira 1990,
Araújo et al. 1997, Segurado 2000), sendo provavelmente na Península Ibérica que se encontram as
maiores populações da espécie a nível mundial.
Em Portugal, na maior parte da sua área de distribuição as populações encontradas apresentam
normalmente densidades elevadas, mas verifica-se por vezes, na mesma região, a ocorrência de locais
com abundâncias muito baixas (Araújo et al. 1997). Dentro da área de distribuição da espécie, esta é
mais abundante no Alentejo, nomeadamente na zona da bacia do rio Guadiana, e nas áreas mais
interiores da bacia do rio Tejo. Em Segurado (2000), ambos os modelos de probabilidade de
ocorrência de Mauremis leprosa utilizados (regressão logística e árvores de classificação) indicam
ocorrências mais elevadas nas regiões do Alentejo, Algarve, Beira Interior e Nordeste Transmontano.
Habitat:
O Cágado-mediterrânico pode ser encontrado numa grande variedade de habitats aquáticos,
dulciaquícolas ou de baixa salinidade, de águas paradas ou de corrente lenta, permanentes ou
temporárias, como charcos, pauis, represas, albufeiras, ribeiras e rios (Araújo et al. 1997, Segurado
2000, Ferrand de Almeida et al. 2001), preferindo locais com elevada cobertura de vegetação aquática
e elevada insolação das margens. Segundo os modelos utilizados em Segurado (2000), a espécie
apresenta uma clara preferência por habitats com uma forte componente palustre - águas paradas,
baixa profundidade e grau de cobertura de vegetação aquática razoável. A espécie é rara em rios e
ribeiros de corrente rápida e em zonas montanhosas de maior altitude, não se tendo encontrado
indivíduos acima dos 1000 m (Araújo et al. 1997, Ferrand de Almeida et al. 2001, Da Silva 2002).
Partilha em inúmeros locais a mesma zona húmida com o Cágado-de-carapaça-estriada (Araújo et al.
1997, Segurado 2000, Da Silva 2002), existindo, no entanto, uma menor associação do Cágado mediterrânico
a habitats aquáticos temporários. São desconhecidas possíveis interferências entre estas
duas espécies (Da Silva 2002).
Menos exigente do que Emys orbicularis, tolera ambientes com índices de poluição relativamente
elevados, mas tende a desaparecer quando esta é excessiva (Segurado 2000, Da Silva 2002).
Pode hibernar nas zonas frias, podendo encontrar-se activa durante todo o Inverno nas zonas mais
quentes. Pode ainda apresentar períodos de estivação, enterrando-se no fundo das massas de água onde
vive (Ferrand de Almeida et al. 2001).
Morfologia:
A carapaça é mais ou menos uniforme na sua coloração geralmente verde oliváceo, acinzentada ou parda. Por vezes ocorrem tons alaranjados ou manchas claras, difusas e pouco contrastadas, dispersas pela carapaça. Pode haver nalguns exemplares uma ligeira quilha longitudinal na linha média dorsal. A região ventral da carapaça tem uma coloração amarelada. No pescoço, patas e cauda os cágados apresentam frequentemente escamas amareladas características. A distinção entre machos e fêmeas é feita através da observação da região ventral da carapaça. Nos machos é côncava enquanto que nas fêmeas é normalmente plana ou ligeiramente convexa.
Alimentação:
Os dados publicados sobre a alimentação desta espécie sugerem uma elevada
componente vegetal e de invertebrados na sua dieta (Ernst & Barbour 1989 in Araújo et al. 1997), o
que está de acordo com a sua preferência por locais com maior cobertura de vegetação, podendo ainda
incluir peixes e anfíbios (larvas e adultos) assim como carniça.
Reprodução:
A época de reprodução inicia-se no final da Primavera, embora nas zonas mais quentes possa ocorrer mais cedo, e também no Outono. As cópulas ocorrem frequentemente dentro de água, mas também se pode realizar em terra. Para a sua consumação, o macho coloca-se sobre a carapaça da fêmea e morde-lhe o pescoço, impedindo-a de esconder a cabeça. Nesta posição, que pode durar longo tempo, ambos executam pequenos movimentos. As posturas realizam-se normalmente durante os meses de Junho e Julho. A fêmea escava um buraco fora de água com cerca de 6 a 10 cm de profundidade onde enterra os ovos. O tamanho da postura varia entre 1 a 12 ovos.